Pais e professores enfrentam um dilema: quando a falta de atenção do estudante em sala de aula é problema de saúde e quando é um problema com os métodos do professor? Especialistas embatem sobre o aumento do uso de remédios, como a ritalina, no combate de deficiências escolares e o diagnóstico preciso do TDAH.
Os defensores da campanha contra a medicalização da educação entendem que muitas vezes existe um tratamento de diferenças comportamentais como se elas fossem doença. Para eles, o diagnóstico foi banalizado e problemas que são pedagógicos – e deviam ser tratados com estratégias de ensino – vão parar no âmbito da saúde.
Psiquiatras e neurologistas, por outro lado, apontam para a importância do diagnóstico correto do transtorno para melhorar a qualidade de vida dos pacientes.
Sem remédio
Para a psicóloga Carla Biancha Angelucci, presidente do CRP (Conselho Regional de Psicologia) de São Paulo, a escola não consegue lidar com as diferenças entre as crianças e usa métodos pedagógicos que não atingem todos os alunos. "Se a criança não se interessar pela educação é muito possível que ela comece a apresentar hiperatividade, situações de conflito. Não temos que mexer na criança para que ela possa suportar com tranquilidade uma aula desinteressante", afirma.
"Se em casa a criança é de um jeito e na escola é de outro, os pais devem tentar descobrir o que está acontecendo de errado para haver um conflito escolar. Os pais devem conversar com professores e com outros pais de alunos", recomenda Angelucci.